FISICAMENTE CAPAZ

O corpo humano foi idealizado para o movimento, para a atividade física. Em realidade, o corpo melhora com o uso. A atividade equilibrada de suas diversas partes contribui de fato para o bem-estar do conjunto.
A fim de que tenhamos um bom estado do organismo, de seus diferentes órgãos e tecidos, devemos observar uma atividade física equilibrada. É impensado esperar que a mente de uma pessoa funcione de maneira eficaz, quando os músculos permanecem flácidos.
A sobrecarga das faculdades mentais sem a influência da atividade física é a causa de muitas enfermidades. Na verdade, a metade de nossas enfermidades provêm do descuido do corpo e do excesso de trabalho do cérebro. Em outras palavras, a excessiva atividade mental não acompanhada do exercício físico conduz à doença.
Entenda que os músculos e o sistema nervoso são parte de um mesmo organismo. O mesmo sistema sanguíneo que nutre o cérebro, também alimenta nossos braços e pernas. Os nossos pulmões provêm oxigênio tanto para o tecido nervoso como para o tecido muscular-esquelético. Os rins eliminam os detritos tanto do sistema nervoso como o do sistema muscular. O sistema digestivo atua fornecendo nutrição tanto para células nervosas como para as musculares. Assim sendo, a atividade do sistema nervoso depende, definitivamente, do bem-estar de todo o corpo.
A fadiga cerebral do trabalho sedentário resulta do acumulo de detritos e do esgotamento das substâncias alimentares nas células nervosas. Diferentemente da fadiga muscular, o simples repouso e nutrição não garante o reestabelecimento das condições ideais de funcionamento do cérebro. Ou seja, para o cérebro, não é suficiente a mera abstenção da atividade para seu reestabelecimento. Para o alivio da fadiga mental é necessário movimento, atividade física. Isto ocorre porque a atividade física acelera a circulação sanguínea, promovendo a eliminação dos detritos e provisiona de nutrientes as células do sistema nervoso.
No transcorrer das atividade do dia é normal sentirmo-nos irritados com algo ou com alguém. As circunstancias desagradáveis produzem uma tensão emocional de que não se consegue alivio, mesmo que nos afastemos daquilo, ou de quem ocasionou a nossa irritação. A emoção nos seguirá onde formos, porque ela está gravada em nossa mente. Neste sentido, o exercício físico proporciona o refrigério da mente. Por certo, você já foi dormir depois de um dia fisicamente cansativo, percebeu que pegou no sono rapidamente e acordou, no dia seguinte, renovado e com disposição. Em contrapartida, quando vamos para cama fatigados mentalmente, estressados, angustiados ou preocupados com algo, temos grande dificuldade para dormir, e acordamos, no dia seguinte, tão cansados quanto na noite anterior e com ainda menos vigor físico.
Saiba que a atividade física induz a fome. Mas, todo aquele que está mentalmente cansado sente este mesmo sintoma. Entende que sente fome, quando, por muitas vezes, está alimentado em demasia. Esse fenômeno leva a alimentação exagerada, desnecessária, ao aumento de peso pelo acumulo de gordura corporal. Por este motivo, pessoas de hábitos sedentários devem iniciar um programa de atividade física. A prática de exercícios regulares diminui o excesso de calorias ingeridas diariamente, controlando a tendência do aumento do peso.
A melhora da capacidade física reflete-se sobre a personalidade, proporcionando autoconfiança. Pessoas autoconfiantes, naturalmente adotam uma nova postura corporal, com a cabeça erguida e com os ombros para trás. A boa postura muda radicalmente a primeira impressão que uma pessoa tenha de outra, contribuindo assim, para o prestigio e êxito pessoal.
A grande maioria das pessoas pensam que a atividade física é uma prática secundaria à atividade mental e cognitiva. O que elas não se apercebem é que, por intermédio da atividade física, poderiam incrementar de forma significativa suas capacidades mentais. Mas o proveito da atividade física não é necessariamente proporcional à sua intensidade. Depende, antes, da qualidade do tempo a ela dedicada.
Quando uma pessoa se mantem inativa fisicamente, seus órgãos vitais ficam, por assim dizer, preguiçosos. Assim como a musculatura fica flácida, o coração se torna incapaz de atender à necessidade de uma atividade normal. Estudos científicos apontam que a prática de atividade física diminui o risco do comprometimento cognitivo leve em 35% e do Alzheimer em 51%. Estes mesmos estudos demonstram que atividades físicas que exigem reflexos rápidos, como o Karatê, vôlei e o próprio futebol, ativam especialmente a atividade cerebral, quando comparadas a atividades cíclicas, como correr ou andar de bicicleta, principalmente, quando estas são realizadas em ambiente fechado.
Talvez o aspecto mais relevante quanto à correlação entre atividade física e saúde mental está relacionada a produção de serotonina e endorfina pelo corpo em movimento. Estes são neurotransmissores promotores de bem-estar, que ajudam na redução do estresse e da ansiedade, podendo ser chamados de estabilizantes afetivos. Somente pela atividade física, o corpo é capaz de produzir e liberar o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), uma proteína estimuladora do crescimento de novas células cerebrais, reforçando os processos de aprendizado e proteção cerebral.
Toda atividade física estimula o hipocampo cerebral. Esse é o centro da memória e do aprendizado. Mas cuidado, o excesso ou inadequação na atividade física libera cortisol, o hormônio do estresse, o que ocasionará o efeito oposto ao desejado.
Mais recentemente foi descoberto um hormônio, a IRISINA, liberado pelo musculo, quando este está em exercício. A irisina tem função de modificação metabólica do tecido adiposo branco, favorecendo o gasto energético, o que a torna um antídoto endógeno para doenças metabólicas, como a obesidade. A irisina também tem a capacidade moduladora na atividade dos macrófagos ( células de defesa do sistema imune), o que confere a ela a propriedade de anti-inflamatória nos processos virais. Por esse motivo, indivíduos que mantém uma atividade física regular são menos propensos a processos virais, bem como, são mais eficientes no controle desses, quando já instalados no organismo. A irisina, hormônio do exercício, tem ação gênico moduladora na replicação viral. Podendo ser ela, o fator decisivo para aquisição de uma imunidade perfeita em associação à boa alimentação.
Todo organismo vivo da natureza necessita de movimento. A sua falta resulta na deterioração de todo o sistema corpóreo que redunda em uma má saúde.